sábado, 14 de janeiro de 2012


A Fênix e a vida

Ouviu-se um canto fúnebre,
lindo, melodioso, era aviso.
A Fênix compõe sua canção
em tons de admirável improviso.

Em seu ninho de morte,
sagrado, transcendente...
A Fênix exala seu perfume,
fragrância que aos céus rescende.

Inflama-se, pássaro coragem,
imolado, mavioso, é modelo.
A Fênix renasce como filha
de si mesmo em notável zelo

A vida em recomeço surpreendente...

.


PACTO MÍNIMO

O mínimo é necessário
para uma relação de amor

Basta um olhar o outro
com ternura e compreensão

Basta que os momentos
sejam valorizados
como dádivas que são

Basta um acordo mútuo
de alimentar a afeição

Com o mínimo necessário
para germinar o grão do amor

.


A casa do tempo

O tempo entrou ali, pelas ventanas, pelas frestas da madeira. O tempo espreguiçou-se no balanço da cadeira. Sem cores, porque ama o cinzento dia eterno, o tempo esgueirou-se em silêncio pelos poros da poeira.
Fez do céu, um desfile de nuvens carregadas de elétrons e histórias testemunhas. Quem pode ler no cinza flutuante os enredos humanos e desumanos antes que se dissipem pelo ar?
O tempo parou ali, porque precisa de um remanso, da rede de descanso. O tempo brinca de esconder os dias debaixo dos tapetes e por entre as velhas telhas carcomidas. Dos amores, ele zomba sendo conhecedor dos desencontros atrapalhados das quimeras.
Desfez as folhas da primavera para que nenhuma prova restasse das horas ensolaradas. Quem lembra do cicio das árvores quando os meses evaporam o inverno de seus gases?
.

O FARO DO CIÚME

É aleijado
o faro do ciúme
Ele troca
o certo pelo errado

É perturbado
o faro do ciúme
Ele evoca
as sombras do passado

É desritmado
o faro do ciúme
Ele toca
num compasso desregulado...

Um fado desesperado

.

Sentimentos ao vento

Dos verdes em canteiros
meus parceiros

Inscrevi meus inteiros
e fagueiros

Sentimentos

Em uma carta brejeira
mas verdadeira

Verti a alma inteira
e à maneira

de delírios

ao vento os submeti!

.


Das fontes e flores

As fontes nos falam de nossos amores
sua voz, leve e límpida, sem dúvidas
nos traz a paz em melodias divinas

Nos misturamos aos ramos e flores
somos um nesta brandura, sem rusgas
numa comunhão extasiada e infinita

As íris nossas ajustam suas cores
neste íntimo contato, sem torturas
nos mostram as naturezas mais bonitas

Nos provamos em néctares e sabores
estamos embriagados, sem culpas
numa volúpia deliciosa e repentina
.

O MILAGRE DE CADA UM

O dia de hoje é especial

M istura o povo em cantoria
I rradia a gente com raios
L unares manifestados em nós
A rdia em todos a alegria
G astura de festa e demasia
R ara na fartura do compartilhar
E nternecia assim, a humanidade

D entro da noite dos tempos
E levou-se ela, Rainha Luar

C adenciou o ritmo da euforia
A dmistrada dádiva do dia
D eu-nos a bênção do amor
A liciamos os sabores da festa

U nificamos a nós mesmos
M omento onde todos somos um

.



Ler é saudável

Ler é sustento
do conhecimento

Ler é chegar perto
do discernimento

Ler é alcançar
um deslumbramento

Ler é viajar
no firmamento

Ler é transbordar
o pensamento

Vida saudável é
ter livros como alimento

.


ENFIM, NÓS!

Foi num dia de desencontros possíveis
Aquele em que nós desencaminhamos
os destinos prontos das faces irascíveis

Desligamos vários plugs transmissíveis
Daquelas velhas energias aterrorizantes
e conversamos em paladares sensíveis

Foi no esquecimento de todo o nó
enredado em fios de passados insanos
que desacreditamos do mal sem dó

Em despropósitos sem contras nem prós
Juntamos nossas vidas apaixonantes
e declaramos ao mundo: Enfim, nós!

.