sexta-feira, 21 de maio de 2010



Variedade

São tantas tardes e manhãs
Tantos dias de transição
Todos os dias desta vida
passageira, são de mudança

São tantas rotinas e decisões
Tantas opções de melhora
Todas as horas nesta lida
aventureira, são temporárias

Essa é a suprema riqueza
e liberdade humanas
proporciona autenticidade

Essa é delícia de viver
experiências terrenas
repletas de variedade

....



Minha poesia

É assim como renovar um guarda-roupa
toda vez que visito o dicionário

Folheio páginas, cheia de interesse
abrindo os arquivos diários

Minha mente até acumula bem
os verbos que me convém

Só não busco o fora de uso:
o texto fica confuso

Delineio até versos com stress
fugindo dos comuns

É assim que minha poesia louca
remexe íntimos fóruns


....

A ROSA BRANCA

Tão delicada
sua luz delineada

Em perfume
divindade

Sua tez acetinada

Tão sofisticada
sua cor iluminada

Em suspiros
majestade

Sua paz exalada

....

Depois do amanhã

Depois do amanhã
a rotina desperta de manhã
você recupera o afã
e maquia-se tal qual flor louçã

Depois do final feliz
a vida segue por um triz
você disfarça a cicatriz
e orna-se tal qual flor-de-lis

Depois das utopias
a realidade segue vazia
se você negligencia
e abandona-se tal qual flor em apatia

....


Sob o olhar da poeta atrás do espelho

fitava-me a poeta
aquela que vivia atrás do espelho
tinha ela o semblante vermelho
ruborizava?
enfurecia?
eu não sabia

julgava-me o reflexo
naquela atitude mesquinha
queria ela, sozinha,
apequenar-me?
apoquentar-me?
eu não sabia

acenava-lhe com os olhos
pr'aquela pose desvanecer-se
ou mesmo liquefazer-se
em luz
em pó
eu não sabia

divagava-me sob o olhar
daquela atriz absurda e muda
até mesmo algo sisuda
estranha
medonha
era eu?

eu não sabia!


...

Nem...

Nem pense em buscar-me...
seja no negrume da noite
ou nos raios do sol

Não estarei a revelar-me...
seja no desejo dos versos
ou na vasta imaginação

Nem tente assustar-me...
seja no pecado do beijo
ou nos delírios da libido

Não estarei a render-me...
seja na sedução do olhar
ou no ardente discurso

Nem queira encontrar-me...
seja no ponto G, da gula
ou nos gritos do êxtase

Pois estarei preservada no ato final!

...

POESIA! GRITO DA ALMA!


Quando, em noites frias,
minha alma solitária
desesperada, gemia


Ofereci-lhe uma saída
nas pontas das canetas,
coloridas tintas, escrevia


Saíam-me versos-soluços,
gritos surdo-mudos,
escoamento na poesia!


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quarta-feira, 19 de maio de 2010


O FILHO DE AFRODITE

Recebendo Psiquê
a ambrosia divina
de poder imortal
consagrou-se o que
Afrodite recusaria:
a rendição de Eros
a seu próprio disparo
de flecha envenenada
de paixão sem reparo!

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Mensagem

Em pouca luz
penumbra...

Algo me diz
sussura...

Que pra ser feliz
sem dúvida...

É preciso trilhar
a vertical cruz!

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Roda de sonho


Dança nas águas prateadas de luar
a magia dos elementos apaixonados.
Venta nas ondas doces do remanso
a brisa dos amantes enluarados.


Encanta meus olhos de mulher
a luz deste teu trilhar líquido.
Verte a lágrima mais salgada,
a gota mistura-se no translúcido.


É a lua em sua roda de sonho
iludindo a ingênua madrugada
em sua brancura despudorada.


É a mágoa em sua rota medonha
ferindo-me sempre e sempre mais
em sua loucura e teimosos ais

...


VEM O SOL

Ele até seguia seu curso rotineiro
Mas pra mim, ele veio dar-me a vida
a luz, a energia preciosa, luzeiro

Ele seguia vibrando calor, hospitaleiro
Mas eu o venerei de forma infinita
bendita, a devoção em braseiro

E queimei-me de atrevimento

Mas sem nenhum arrependimento


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quarta-feira, 12 de maio de 2010



Não sei ll

Não sei se a vida
é pouco ou demais
para mim

Não sei se a ferida
é profunda demais
para mim

Não sei se a guarida
é pouco segura
para mim

Não se a saída
é complicada demais
para mim

Não sei se a vida
reserva surpresas demais
para mim


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A LUA NÃO VEIO

Hoje ela não veio com seu veneno
branco-prateado, feito leite celeste,
a secura no luar líquido da noite...
Não veio ela nem meu moreno.

Esta noite será de minha lira,
será de meu verso-açoite
atiçando a brancura selene...
Mesmo que esteja ela fora de mira.

Hoje meu pranto não veio...
Secou, no breu da noite.
Na língua, sabor de fel.

Esta noite, meu anseio
Talhou o próprio açoite
E desmereceu o céu.


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domingo, 2 de maio de 2010



COM FORMOL

Os velhos e ecológicos discursos
As velhas lições de moral
Os velhos padrões de uso
Todos recobertos de formol
Mortos, resistem em teimosia

E eu, olho para o futuro
e não me conformo!

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DANÇA

Na dança das letras
meio que me perdi
Tonteei e não rimei
As vogais não eram certas

Levantei com grau
e pose de artista
Não vou chorar
A letra perdida num jogral

Vou recomeçar
a brincadeira
de procurar rima
Pra cada emoção que pintar!


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SENSACIONALISMO

Sensações...
é o que induzem
com fortes cenas e agitações...

Sensacional!
Dizem os números
da pesquisa de audiência...

Multidões...
se auto-induzem
às baixas emoções...

Nada original!
Dizem meus neurônios
explodindo consciência...


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Toda castidade à luz do candeeiro

Tua tenra castidade à prova
Nesta penumbra de alcova
Reveste-se a santidade
Com a frágil sobriedade

Num instante, num sussurro
Quebra-se sem esmurro
O poder das censuras
E teu corpo sem armaduras

Cai, liquefeito em meu leito
à luz do candeeiro
Sombras revelam-te por inteiro

Resplandece o efeito
de toda castidade
Jogada à chama da sexualidade


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ATENDE QUE SOU EU!

Amor, não sentes ou pressentes
a minha próxima chegada?
Não compreendes ou atendes
as minhas tantas chamadas?

Amor, despertes ou acertes
o compasso desta vida!
Não percebes ou concebes
que te amo mais que a vida?

Amor, te achegues e entregues
tuas doloridas feridas...
Não te peço ou mesmo meço
o tempo de tua visita...

Apenas quero um abraço, minha querida!

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