sábado, 29 de agosto de 2009



REINO POESIA

Naquela época
o Reino da Poesia
estava no comando
de um déspota

Rei Soneto Heróico
unido a sua esposa
Rainha Métrica
e seu método estóico

Silabada poética
era a vã burocracia
cheia de manhas
e despudorada ética

Agrilhoou a Poesia,
Donzela Inspiração,
em contadas sílabas
sem alma ou cortesia

Na torre, prisioneira
do bom e saudoso
Rei Belas-Artes,
sua única herdeira

E pelos salões e jardins
somente nobres gênios
entoavam a fria lírica
do Rei Soneto e afins

As pessoas atordoadas
Sem nada entender
das palavras loucas
pelos campos entoadas

Faziam reverência
obrigatória ao novo
Príncipe Decassílabo
filho de vossa imponência

Jovem poeta solitário
cheio de real garbo
vítima do verso gélido
jamais sonhou solidário

Vivia na dura frieza
do verso encastelado
desfilava junto à plebe
em máscara de beleza

O que nenhum gênio
sabia ou poderia crer
era que Inspiração,
a Donzela sem prêmio

Em noite enluarada
cantava em sua pura
realeza de princesa
a lira mais acalentada

Ao ouvi-la, os poetas
escreviam sofregamente
seus versos metrificados
ânsias de anacoretas

Mas ao silabar as rimas
mais aprisionavam
a musa das noites de lua
e ressecavam as obras-primas

A moça Inspiração,
nos sonhos nobres
do Príncipe Decassílabo
adentrou em visão

Em verso que seduz
Enterneceu ela
O coração principesco,
virgem de toda luz

Verdadeira beleza
e arte poética
ele finalmente
vislumbrou em pureza

E chorou, apaixonado
Decassílabo, esquecido
da burocracia materna
versejou sem o contado

Um amanhecer diferente
clareou o Reino Poesia
Donzela Inspiração
livre de toda corrente

Abraçou seu povo
em exaltação e amor
Casou-se ela com o fiel
Príncipe Verso Novo

Anunciaram a meta
da monarquia poética
onde todo habitante
do Reino será Poeta!

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sexta-feira, 28 de agosto de 2009


A História de amor que não vivi

Pelos por-de-sóis
Andamos
qual dois faróis

Iluminamo-nos
um ao outro
qual dois humanos

Reconhecendo-se
em brilho
qual dois amantes

Pelos anoiteceres
recolhemos
qual dois seres

Apercebendo-se
um ao outro
qual dois diamantes

Afastamo-nos
em solidão
qual dois planos

Paralelos de uma esfera

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Silêncio na Alma


Por estes dias está em silêncio minha alma
Meu corpo reclama a falta de seu som
Minhas noites estão frias sem seu tom


Por estes dias está em silêncio minha alma
Minha poesia estremece de medo
Meus versos estão vazios, sem sentido


Por estes dias está em silêncio minha alma
Meu êxtase já não mais me visita
Minhas vistas estão nubladas, sem vida


Por estes dias estou em silêncio, à espera...


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PAZ CIÊNCIA


Paz
é a ciência
da consciência


Pacífica
influência
em cadência


Pacificadora
e amiga fluência
das convivências


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BANHO DE LUAR


Em luz de luar
trilho ao mar


Quero banhar
todo meu olhar


Em noite de luar
poder me amar


Quero voltar
a te sonhar


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A saudade de meu mais profundo amor

Tenho em mim essa imensa saudade
Só menor do que o amor que te dedico
Sei que o amor-próprio é prioridade
A ele me redimi e dele não abdico

Nem por ti, eterno e profundo amor
Mas o que fazer com a ardência-saudade
Que queima-me o peito em tamanho furor
Esta falta de ti já beira à insanidade

Tão longos tempos de separação
Tão tênues recordações
E tanto sentimento no coração

Tão breves os momentos de união
Tão ingênuas declarações
E tanto a ser dito em canção!

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quinta-feira, 27 de agosto de 2009


Clamor

Sufoca-te
esta solidão!
Conveniência dura!

Amarga-te
esta imposição!
Doença sem cura!

Liberta-te
desta escravidão!
Vida sem ternura!

Livra-te
desta ilusão!
E saia de tua clausura!

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Na pureza do lótus

Mergulhei em um rio transparente em meio a mata fechada...
com olhos cerrados te vi...nadando em meio as algas
Linda criatura dourada que fala-me de mágicas...

Sou um ser repleto dos puros amanheceres...
Sigo as águas mornas da paixão pela vida
Seja bem-vinda, beleza do raio de sol...

Encantas-me beleza tanta...de alma visível
permite-me nadar ao teu redor
e sentir os raios que se desprendem de ti
e iluminam meu caminho de amor

Venha comigo , te mostrarei os mais encantadores
reinos de amores e sabores siderais...
Em tudo está o Todo e seus segredos
vamos contemplar de dentro da pureza...

Entrego-me a ti como em transe
leve-me onde quiseres...mostre-me o amor
Serei apenas brisa de poesia ecoando em tuas ventanias
E no mais belo e placido lago seremos ecos de lotus em ardor!

Márcia de Sá e Anorkinda

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Cativar

é conquistar
com o coração

é provocar
devastação

é ter em si
imensidão

é subordinar
a emoção

é sufocar
sem prisão

é carinho
em ação!

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UMA PÁTRIA, MUITOS ÍNDIOS

Brasil, enquanto nação nasceu
trabalho de raças viajantes
atravessaram o oceano

Índios, em seu apogeu
cultural, inocência da terra
desconheceram o plano

Pátria, conceito do branco
política e posse beligerante
desconsideraram o sofrimento

Tribos, de caráter franco
respeito e amor à terra
aguardaram um Novo momento

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segunda-feira, 24 de agosto de 2009


COISAS DA VIDA

C arinhos e minúcias
O itavas superiores
I nebriam os amores
S erenizam tempestades
A braços e amizades
S egregam astúcias

D edicados timbres
A uras em deslizes

V ivências pressentidas
I mãs de experiências
D oces reminiscências
A fluem embevecidas


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Navegando em ti

Navegando pelas linhas
dos teus versos (en)cantados
juntei o mar com as ilhas
no meu peito derrotado

Pairando pelas águas
dos teus universos (des)esperados
chorei o sol e as mágoas
no meu peito eternizado

Rumando pelas rotas
dos teus inversos (des)amados
guardei o luar e as notas
no meu peito apaixonado




A Viagem da silenciosa borboleta

Verdes folhas já amarelecidas
Voam com o vento de outono
Fresca aragem estabelecida
em meio às arvores, um recanto

Leves seres da transparência
louvam a vida em dimensões
As cores da noite em essência
preenchem a alma borboleta

Neste voo noturno, encanto
respiro o ar energia
abasteço-me nesta paisagem

Luz de cor violeta
Inspiro a sutil magia
de ser silenciosa borboleta em viagem

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(HORA DE VOAR - Josephine Wall)

HORA DE VOAR!

Sim, estou pronta!
Leve como pluma
Ao sabor do vento
Me jogo sem lamento

Sim, o passado passou!
Leve como uma pluma
O coração sereno
Meu Ser pleno

Sim, é chegada a hora!
Leve como uma pluma
Solta no espaço de um momento
Sinto a brisa do transbordamento!


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domingo, 23 de agosto de 2009


EU QUERO FÉRIAS

Da sandice do sistema
Da loucura do analista

Das teorias do patético
Das manias do tedioso

De toda estrutura
De todo esquema

Eu quero sair pra respirar

Na praia dos prazeres
Na praça dos amores

Nos butecos animados
Nos recantos iluminados

Em liberdade voejante
Em harmonia verdejante

Eu quero agora!


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Partida ao meio em abandono de mim


Me sinto partida
quando esqueço
da vida

Me sinto ao meio
quando aqueço
o receio

Me sinto em abandono
quando o apreço
é sem dono

Me sinto fora de mim
quando o preço
é meu fim


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Mergulhando em Nada

Quis enveredar-me pelo Nada
aquele que existe em tudo
todas as coisas e seus vazios

Fiz ali vertente de versos
daqueles que falam tudo
todas as emoções traduzidas

Mas percebi-me cheia
repleta de elementos

Descobri-me no infinito
de todas as possibilidades

Matriz dos sentimentos todos
o Todo que faz-se Nada
no vazio de todas as coisas

Aprendiz de mim mesma
versei em vácuo e luz
emocionei-me em totalidade





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sábado, 22 de agosto de 2009

Palavras não são só palavras


Ideias
fonemas
sons
sílabas


Luzes
esquemas
tons
rimas


Mensagens
cenas
fins
obras-primas


Palavras
podem
ser o fim
dos problemas


ou o começo!




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Sem luz

Em noite fatigada
do cheiro da miséria
d'alma

Instala-se o vício
fuga insana em histeria
de dor

Em solidão humana
sem riso nem fiapo de luz
n'alma

Esbanja-se o delírio
de esgotar-se em cruz
e dor


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DA TRIBO DAS ESTRELAS

Fomos chamados em igual canto
A relembrar da tribo das estrelas
Da nossa casa, confraternização

Abençoamos em amizade e encanto
A admirar o azul da eternidade
Da nossa pacificadora união

Fomos avisados de todo pranto
A jorrar pela Terra nestes tempos
De tanta dor e funda desilusão

Realizamos o trabalho santo
A eternizar nossa verdade
De amor fraterno e comunhão

Fomos separados, no entanto
A chorar a mesma saudade
Das distâncias estelares

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MINHA LUZ

Algo vem dos mistérios que vencem o tempo
Uma sabedoria infiltra-se em cada momento

Enigmas desafiam o humano discernimento
Uma voz retumbante sobrevive ao tempo

Forças eternas traduzem nossos lamentos
Uma vontade férrea vence todo sofrimento

Minha luz pessoal encaminha os alentos
Uma presença maior impõe-se em merecimento

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VERSOS NÃO MENTEM


Quando a poesia se manifesta
e brota em dedos poetas
ela não mente

Quando os versos alçam voo
em digitais caracteres
eles não mentem

Quando a inspiração domina
a alma do artista
ela não mente

Quando o poema transcende
a barreira do outro
ele se desmente




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NA ESPERANÇA DE UM POVO NOVO!

Venho por meio desta
decompor os preconceitos...

Vidas e vidas vividas
numa mesmice sem efeitos

Come, procria e morre
quem vê alguma vantagem?

Deixar descendência?
Novas gerações sem bagagem?

Pode até estar evoluindo
a tal moderna sociedade

Nas hipocrisias, destruições
e total superficialidade

Ah... mas sabe...todos tem direitos
todos tem suas próprias escolhas

Quem não se importa com os arreios
que continue pastando folhas

Não os julgo, sou apenas poeta
abraço tua riqueza d'alma

Mesmo que não a conheças
o dia surgirá com toda sua calma

E o tirano no poder sucumbirá
diante das massas acordadas

Num potente vigor novo!
Estaremos, tu e eu, de mãos dadas!

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sexta-feira, 21 de agosto de 2009



Hoje eu já sei quem me quer

Ah...delícia boa sentir este aconchego meu...esse carinho meu...
esse que eu estava me devendo a tanto tempo...

Começou em flertes, em vai-e-véns de descrédito e paixão...
mas o tempo foi acostumando-me comigo mesma...
bastou que eu parasse de fugir...

Encarei-me e fiz careta...mas...ah...que delícia!

Todo o medo que perdi, dando tchau ao que não era meu,
valeu-me uma vitória de amor...
o mais sublime e puro e imortal amor-próprio!
Seja pra sempre bem-vindo!


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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Redemoinho

Da luz corpórea
Que se agita em mim
Condensa-se uma densa
Névoa de ilusões

Pairando etérea
Na noite sem fim
De forma intensa
Plasmada nos corações

Na luz que move a terra
Sou infinita e avante
Me escrevo quando penso
Com palavras e emoções

Girando a esfera
Do centro equidistante
Sou redemoinho tenso
Alicerçado nas razões

Anorkinda & Sacharuk

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ANDRÔMEDA


Em meio a rancores
navios dos temores
naufragam sem cessar
nas águas do azul mar

Súplicas de um mundo
real e tão imaginário
gente em submundo
ilusório e temerário

Sem pressa apareces
na infinidade das preces
ouvidas em alto-mar
aterrissas aqui teu olhar

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FADA-MADRINHA

Gostinho do céu
tem o seu abraço
Cheirinho de mel
tem o seu carinho

Risinho de anjo
tem na sua voz
Som de estrelas
tem o seu beijinho

Falas a língua
dos deuses
Cantas a canção
do bom-tempo

Ternura de mãe
é sua presença
Sintonia de alma
é o sentimento

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Hoje e sempre, descomplicado

Meu problema
Meu dilema
Meu hoje
Meu dia

Não complico
Não convido
a chateação
nem a mania

Meu sossego
Meu apreço
Meu hoje
Meu dia

Eu descubro
Eu invento
a solução
ou a ironia

Hoje e sempre
meu passo
é lento e
descomplicado

Qual o objetivo
de enlouquecer
neurônios e
ficar frustrado?

Eu escolho
Eu decido
a cor que
terá o dia!

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Sensações

As vezes um cheiro vem
é a eternidade

As vezes um gosto vem
é do tempo

As vezes sinto um toque
é a verdade

As vezes sinto a brisa
é o movimento

Dos céus em processo
de depuração

É o isolamento dos sentidos
em evolução


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BIS

Teu contato íntimo
perfumou-me os dias

Tocando as nuvens
fomos brisas

Espalhamos o frescor
do amor nas pradarias

Conquistando os ares
pedimos BIS

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EM ÁGUAS DOURADAS

Em águas douradas
emoções sem saídas
são em ouro banhadas

Pelo outono da vida
as folhas secas caídas
esvaem-se em nada

Pelas forças da lida
a lágrima cálida
permanece enleada

Sabedoria adquirida
em pesos e medidas
colore minha estrada

Em luzes amareladas
pelo sol submetidas
amadureço em camadas

Em poesias aladas
me verso pálida
na companhia das fadas

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terça-feira, 18 de agosto de 2009


Vale a pena escrever poesia

Vale a pena
que de tinta
transcreve
no branco alvo

Vale o verso
gasto que minta
uma emoção
no virtual alvo

Vale à pena
derramar à tinta
uma emoção
em branco virtual

Vale a poesia
que te (me) sinta
e transcenda.
Alvo: o coração!

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Nós

Tu te lembras...
De quando descobriste minha presença?
Tocou o ventre e sentiu a essência
E eu senti o calor de tua mão.

Tu te lembras...
Da hora em que choramos juntas?
Soprou uma voz de forças muitas
Declarando nossa união.

Eu me lembro...
Guardo no peito
A canção que marcou o feito
E nos inundou de emoção.

Nos relembramos...
Desenhando o destino
Nas cores do verso menino
Que formatou a comemoração

E estamos unidas,
Entrelaçando nossas vidas
Em poesias coloridas
Pelos caminhos do coração.

Viviane Ramos e Anorkinda Neide

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De volta pra casa

Bruxinha Kindinha
terminou seu passeio
pelas estrelas

Ela visitou magias
pelos parques da noite
sorriu estrelas

Bruxinha Kindinha
conheceu muita gente
amiga das letras

Ela brincou fantasias
pelos caminhos de volta
pra casa das letras

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segunda-feira, 17 de agosto de 2009



Minha pele, tua pele

Ao teu toque
minha pele
aguça a tua pele

Com meu afago
tua pele
sente a minha pele

Ao teu beijo
minha pele
arrepia tua pele

Com meu sopro
tua pele
eriça minha pele

Neste afã
nossa pele
atrai e repele

Num frenesi
da pele
em febre de ti

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Manhãs tão frias

Amanhecendo
e eu pensando

Idéias tão vãs
e eu sonhando

Esfriando
e eu sentindo

Manhãs tão frias
e eu esperando

Você chegando
e eu sorrindo

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O violino mágico

Acordes mágicos
fluíram como rios
de puro enlevo

Notas mágicas
acordaram fios
de eternidade

Tom mágico
subverteu vazio
de duro relevo

Violino mágico
corrompeu o brio
da sagacidade

E deleitou as esferas

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